sexta-feira, 24 de junho de 2011

Pablo Neruda - Confesso que vivi

A PALAVRA






... Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam ... Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as ... Amo tanto as palavras ... As inesperadas ... As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem ... Vocábulos amados ... Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho ... Persigo algumas palavras ... São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema ... Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas ... E então as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as ... Deixo-as como estalactites em meu poema; como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda ... Tudo está na palavra ... Uma idéia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e que a obedeceu ... Têm sombra, transparência, peso, plumas, pêlos, têm tudo o que ,se lhes foi agregando de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes ... São antiqüíssimas e recentíssimas. Vivem no féretro escondido e na flor apenas desabrochada ... Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos conquistadores torvos ... Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas .Américas encrespadas, buscando batatas, butifarras*, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca. mais,se viu no mundo ... Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que eles traziam em suas grandes bolsas... Por onde passavam a terra ficava arrasada... Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras. Como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma. Saímos perdendo... Saímos ganhando... Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... Levaram tudo e nos deixaram tudo... Deixaram-nos as palavras.



*Butifarra: espécie de chouriço ou lingüiça feita principalmente na Catalunha, Valência e Baleares. (N. da T.)



Pablo Neruda, pseudônimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Prêmio Nobel de Literatura em 1971, sua poesia transpira em sua primeira fase o romantismo extremo de Walt Whitman. Depois vieram a experiência surrealista, influência de André Breton, e uma fase curta bastante hermética. Marxista e revolucionário, cantou as angústias da Espanha de 1936 e a condição dos povos latino-americanos e seus movimentos libertários. Diplomata desde cedo, foi cônsul na Espanha de 1934 a 1938 e no México. Desenvolveu intensa vida pública entre 1921 e 1940, tendo escrito entre outras as seguintes obras: "La canción de la fiesta", "Crepusculario", "Veinte poemas de amor y una canción desesperada", "Tentativa del hombre infinito", "Residencia en la tierra" e "Oda a Stalingrado". Indicado à Presidência da República do Chile, em 1969, renuncia à honra em favor de Salvador Allende. Participa da campanha e, eleito Allende, é nomeado embaixador do Chile na França. Outras obras do autor: "Canto General", "Odas elementales", "La uvas y el viento", "Nuevas odas elementales", "Libro tercero de las odas", "Geografía Infructuosa" e "Memorias (Confieso que he vivido — Memorias)". Morreu a 23 de setembro de 1973 em Santiago do Chile, oito dias após a queda do Governo da Unidade Popular e da morte de Salvador Allende.





Com este texto homenageamos o poeta pela passagem de seu 100º aniversário.



Do livro "Confesso que Vivi — Memórias", Difel — Difusão Editorial — Rio de Janeiro, 1978, pág. 51, traduzido por Olga Savary, extraímos o texto acima.


DOWNLOAD DO LIVRO
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Pablo Neruda - Livro das Perguntas



Livro das Perguntas constitui uma experiência única no panorama de todas as obras do poeta. Composto de 74 poemas curtos, sem título, é imbuído de um finíssimo humor metafísico que se aproxima da filosofia oriental. Neruda preocupa-se em propor incessantes questões - sobre animais, sobre ele próprio, sobre o transcorrer da vida e o significado da morte - e convida o leitor a respondê-las ou, pelo menos, a refletir sobre elas. Isso sem abrir mão da sua translúcida musicalidade e do seu magistral domínio da linguagem




Download:
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Florbela Espanca - Livro de Mágoas



«Livro de Mágoas», a primeira obra de Florbela a ver as bancas das livrarias, é editado em Junho de 1919 por Raul Proença, ao tempo um intelectual e crítico literário conceituado e influente, que reconhece o talento da jovem poetisa quando ela lhe envia um caderno contendo onze poesias de «Trocando Olhares» e apropriadamente chamado «Primeiros Passos», em Julho de 1916. Depois de os poemas serem corrigidos pelo crítico, Florbela escreve-lhe, de novo, acerca das críticas que ele lhe fizera e enviando mais alguns sonetos, que viriam a integrar o «Livro de Mágoas». Como em toda a sua produção poética publicada em vida, os sonetos aparecem alterados, por vezes, drasticamente.


No «Livro de Mágoas», dedicado ao seu pai, o seu melhor amigo, e à alma que considera irmã da sua, o seu irmão, Florbela centra-se na temática da mágoa, da dor e da saudade, inserindo-se, desde o início da obra, num contexto decadentista e, por vezes, turtuoso. À obra, que abre com uma epígrafe a Eugénio de Castro e a Verlaine, não falta o tom finissecular, dado pela tendência para chorar e lamentar-se que se manifesta ao longo da obra, que inclui sonetos como «Vaidade», «Neurastenia», «Castelã» e «Em Busca do Amor».

Abordando igualmente a temática do sonho, Florbela define para si um espaço poético único, isto é, faz do «Livro de Mágoas» um espaço poético com características muito peculiares. Quere-o, no fundo, como um espaço de comunicação entre os tristes e magoados, intenções que lembram António Nobre e o seu «Só», e que a poetisa expõe logo no primeiro soneto, «Este Livro…».

Apesar de desconhecida no meio literário da época, pode-se dizer que o sucesso de Florbela foi assinalável, já que a sua primeira obra, tal como a segunda, esgotaria rapidamente.


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Friedrich Nietzsche - Além do Bem e do Mal

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Nietzsche considerava Além do bem e do mal seu livro mais importante e mais abrangente. Quase todos os temas de sua filosofia madura estão presentes aqui: o perspectivismo, a vontade de poder e suas ramificações, a crítica da moralidade, a psicologia da religião e a definição de um tipo de homem nobre. Há também aforismos sobre arte e sexualidade, caracterizações de vários povos e países e muitas opiniões sobre personalidades históricas e artísticas. Tudo num estilo de grande beleza e precisão, a que não faltam humor, poesia e dramaticidade. Terminada a leitura, o leitor compreenderá por que as principais correntes de pensamento do século XX - como o existencialismo, a filosofia analítica e a psicanálise - reconheceram em Nietzsche um precursor.


0 Friedrich Nietzsche - Crepúsculo dos Ídolos



Sinopse:

Crepúsculo dos ídolos foi a penúltima obra de Nietzsche, escrita e impressa em 1888, pouco antes de o filósofo perder a razão. O próprio Nietzsche a caracterizou - numa das cartas acrescentadas em apêndice a esta edição - como um aperitivo, destinado a "abrir o apetite" dos leitores para a sua filosofia. Trata-se de uma síntese e introdução a toda a sua obra, e ao mesmo tempo uma "declaração de guerra". É com espírito guerreiro que ele se lança contra os "ídolos", as ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as idéias e tendências modernas e seus representantes.




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Milan Kundera - A Insustentável Leveza do Ser (1984)



Sinopse:



Sobre este romance, Italo Calvino escreveu: "O peso da vida, para Kundera, está em toda forma de opressão. O romance nos mostra como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba bem cedo se revelando de um peso insustentável. Apenas, talvez, a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação -- as qualidades de que se compõe o romance e que pertencem a um universo que não é mais aquele do viver" (Seis propostas para o próximo milênio). O livro, de 1982, tem quatro protagonistas: Tereza e Tomas, Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.


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Elio Gaspari - As Ilusões Armadas

Para começar a "Semana da Pátria" aqui no Almas, trago-lhes essa ótima coleção de livros do Jornalista Elio Gaspari. Esse trabalho procura desvendar os meandros desse período obscuro e escroto, que foi a ditadura militar brasileira.


Durante toda essa semana, as postagens abordarão esse período, que ajuda a explicar um pouco, como o Brasil se tornou a "maravilha" que conhecemos hoje.
 



 







 




Friedrich Nietzsche - O Anticristo (1895)

Sinopse:

O Anticristo foi redigido em 1888, mas Nietzsche não chegou a acompanhar a publicação, pois, como se sabe, ficou demente no início de 1889. A obra saiu apenas em 1895, editada por sua irmã, que expurgou algumas passagens.

Em quase todos os seus livros Nietzsche discute a religião e a moral cristãs, mas é em O Anticristo que essa discussão alcança a forma mais desinibida e polêmica. Ele faz uma reinterpretação do cristianismo inicial, distinguindo entre o que teria sido Jesus de Nazaré e a interpretação que o apóstolo Paulo fez, algum tempo depois, da figura e dos ensinamentos de Jesus. Para Nietzsche, foi são Paulo quem transformou Jesus em Cristo, foi ele o verdadeiro inventor do cristianismo.

O livro oferece, entre outras coisas, uma crítica do conceito cristão de Deus, uma análise do tipo psicológico do Salvador, uma psicologia da fé e dos crentes, uma comparação entre o budismo e o cristianismo, envolvendo uma concepção bastante heterodoxa sobre a natureza do cristianismo. No final, este é condenado como uma religião niilista e negadora da sexualidade, ou seja, contrária aos valores vitais.

Os Ditirambos de Dionísio são nove poemas "inspirados" pelo deus Dionísio, que para Nietzsche simbolizava o oposto dos valores cristãos. Eles são publicados pela primeira vez no Brasil, numa edição bilíngüe alemão-português.

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